sexta-feira, 18 de novembro de 2011

HELEN, A MENINA QUE VIA COM AS MÃOS

Helen era uma menina alegre, que gostava de correr pelo campo. Nasceu numa pequena cidade dos Estados Unidos da América.
Quando tinha dezoito meses, Helen adoeceu. Os médicos chamaram à sua doença febre cerebral, porque ainda não conheciam uma doença chamada escarlatina. Esta doença ataca os olhos e os ouvidos e, depois de muitos dias de febre muito alta, o médico descobriu que a menina tinha ficado cega e surda.
Durante alguns anos, Helen viveu num mundo sem som e sem luz e não aprendeu a falar. Não compreendia o mundo à sua volta e não comunicava com ninguém. Os seus pais ficavam muito aflitos quando ela queria alguma coisa, porque não a compreendiam. Então Helen chorava e isso deixava-os muito tristes. Evitavam contrariá-la e por isso ela cresceu sem saber comportar-se à mesa, sem saber vestir-se, lavar-se ou qualquer outra coisa.
Então os pais começaram a procurar alguém que os pudesse ajudar e, quando Helen estava quase a fazer sete anos, encontraram uma professora especial. Chamava-se Ann e tinha sido quase cega por causa de uma doença muito grave que tinha tido nos olhos.
Ann tinha voltado a ver, mas tinha crescido numa escola especial para pessoas cegas, onde ficou depois a trabalhar ensinando outras pessoas que também eram cegas. Foi nessa escola que os pais de Helen a encontraram e Ann foi viver com eles.
Ann levou uma boneca de pano para Helen e usou-a para comunicar com ela, através de uma língua especial: o alfabeto manual. A menina aprendeu a palavra boneca e mais algumas outras, mas não sabia que as palavras que aprendia significavam coisas.
Um dia, Helen estava no quintal da sua casa com a professora a tirar água de um poço com uma bomba de água. A professora meteu a mão de Helen debaixo da água fria e na outra mão soletrou a palavra água. Fez isso várias vezes até que de repente Helen compreendeu que aquela palavra significava água. Nesse dia aprendeu trinta palavras.
Além do alfabeto manual, Helen aprendeu também o alfabeto Braille e isso fez com que pudesse aprender a ler e escrever. Mas um dia, quando tinha dez anos, pediu à professora para a ensinar a falar. Helen só fazia alguns sons estranhos porque não ouvia. A professora levou-a então até uma escola onde ensinavam pessoas surdas a falar. E um dia, depois de muito trabalho, Helen chegou ao pé da professora Ann e disse: “Já não sou muda.”
Com a ajuda de Ann, Helen estudou muito e aprendeu muitas coisas. Tornou-se uma mulher muito importante, escreveu vários livros e falou para milhares de pessoas. Passou a sua vida a ajudar as pessoas que, como ela, não podiam ver nem ouvir. Recebeu muitos prémios e homenagens de presidentes e pessoas importantes em todo o mundo.
A vida de Helen mostra que, mesmo quando temos de enfrentar grandes dificuldades, se tivermos coragem e trabalharmos muito conseguimos ultrapassá-las.
A menina que via com as mãos, tornou-se um exemplo para todas as pessoas do mundo, porque aprendeu que “é maravilhoso ter olhos e ouvidos na alma”.

Ana Godinho

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