Helen era uma menina alegre, que gostava de correr pelo campo. Nasceu numa pequena cidade dos Estados Unidos da América.
Quando tinha dezoito meses, Helen adoeceu. Os médicos chamaram à sua doença febre cerebral, porque ainda não conheciam uma doença chamada escarlatina. Esta doença ataca os olhos e os ouvidos e, depois de muitos dias de febre muito alta, o médico descobriu que a menina tinha ficado cega e surda.
Durante alguns anos, Helen viveu num mundo sem som e sem luz e não aprendeu a falar. Não compreendia o mundo à sua volta e não comunicava com ninguém. Os seus pais ficavam muito aflitos quando ela queria alguma coisa, porque não a compreendiam. Então Helen chorava e isso deixava-os muito tristes. Evitavam contrariá-la e por isso ela cresceu sem saber comportar-se à mesa, sem saber vestir-se, lavar-se ou qualquer outra coisa.
Então os pais começaram a procurar alguém que os pudesse ajudar e, quando Helen estava quase a fazer sete anos, encontraram uma professora especial. Chamava-se Ann e tinha sido quase cega por causa de uma doença muito grave que tinha tido nos olhos.
Ann tinha voltado a ver, mas tinha crescido numa escola especial para pessoas cegas, onde ficou depois a trabalhar ensinando outras pessoas que também eram cegas. Foi nessa escola que os pais de Helen a encontraram e Ann foi viver com eles.
Ann levou uma boneca de pano para Helen e usou-a para comunicar com ela, através de uma língua especial: o alfabeto manual. A menina aprendeu a palavra boneca e mais algumas outras, mas não sabia que as palavras que aprendia significavam coisas.
Um dia, Helen estava no quintal da sua casa com a professora a tirar água de um poço com uma bomba de água. A professora meteu a mão de Helen debaixo da água fria e na outra mão soletrou a palavra água. Fez isso várias vezes até que de repente Helen compreendeu que aquela palavra significava água. Nesse dia aprendeu trinta palavras.
Além do alfabeto manual, Helen aprendeu também o alfabeto Braille e isso fez com que pudesse aprender a ler e escrever. Mas um dia, quando tinha dez anos, pediu à professora para a ensinar a falar. Helen só fazia alguns sons estranhos porque não ouvia. A professora levou-a então até uma escola onde ensinavam pessoas surdas a falar. E um dia, depois de muito trabalho, Helen chegou ao pé da professora Ann e disse: “Já não sou muda.”
Com a ajuda de Ann, Helen estudou muito e aprendeu muitas coisas. Tornou-se uma mulher muito importante, escreveu vários livros e falou para milhares de pessoas. Passou a sua vida a ajudar as pessoas que, como ela, não podiam ver nem ouvir. Recebeu muitos prémios e homenagens de presidentes e pessoas importantes em todo o mundo.
A vida de Helen mostra que, mesmo quando temos de enfrentar grandes dificuldades, se tivermos coragem e trabalharmos muito conseguimos ultrapassá-las.
A menina que via com as mãos, tornou-se um exemplo para todas as pessoas do mundo, porque aprendeu que “é maravilhoso ter olhos e ouvidos na alma”.
Ana Godinho
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