O prazer de ensinar
Há mais de vinte anos a trabalhar na educação especial, já perdi a conta do número de pessoas que me perguntou com é que eu consegui lidar com o insucesso dos meninos por tanto tempo, numa actividade em que muitas vezes não se obtêm resultados consonantes com o esforço despendido e o empenho colocado no trabalho do dia-a-dia. Costumo responder que aprendemos a tirar satisfação pessoal e profissional do feedback das famílias e da relação criada com as crianças e também a valorizar os pequenos progressos como se fossem enormes.
No final do último ano lectivo, um menino com dislexia que transitou para o 5º ano e que sabia que eu fazia colecção de pinguins, veio oferecer-me um pinguim de peluche que ele tinha em casa, já com algum pó e com um papel atado por ele ao pescoço. Costumo lidar bastante bem com as despedidas de final de ciclo, mas desta vez foi mesmo difícil porque aquela carta vai ficar comigo e há-de servir para todas as vezes em que o dia foi complicado, em que alguém me pareceu ingrato ou em que, depois de um trabalho longo, ainda não foram capazes de ler uma frase, fazer uma operação matemática, atar os cordões dos sapatos ou ir à casa de banho sozinhos.
É por isso que não quero fazer outra coisa.
Obrigada, Gabriel.
belo post; gostei muito.
ResponderEliminarfiquei sensibilizado; muito bom
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