quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O meu slide da paz

Da areia negra da ilha do Faial, a visão deslumbrante da montanha do Pico. Saudades da terra...
(Foto José Fontes, 2006)

O melhor gin do mundo


Paragem obrigatória para quem vai à ilha do Faial, o Café Sport, ou Peter, como é conhecido, faz já parte de história da cidade da Horta. Para além do espetacular museu de peças em marfim e osso de baleia, o seu gin tónico é apreciado por quem por lá passa e faz parte das memórias das saudades da terra de quem de lá saiu.
(Foto José Fontes, 2006)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A interacção comunicativa nas crianças com Síndrome de Down

Ana Godinho

“Aprender a comunicar é um pouco como aprender a jogar ping-pong. Quando um jogador é melhor que o outro, deve adaptar continuamente a sua maneira de jogar à do seu par, a fim de que este possa bater a bola e melhorar a sua técnica.”
                      Manolson (1985, 3)

É indiscutível a interdependência entre as oportunidades de interacção comunicativa de que a criança usufrui, e a aquisição da linguagem verbal. Assumem papéis importantes, a linguagem que a criança ouve à sua volta e aquela que lhe é especificamente dirigida, sobretudo pelo adulto. Diferentes padrões de interacção adulto-criança, resultarão em padrões diferentes de linguagem produtiva.
A maioria dos investigadores concorda que as interacções entre os bebés e os seus primeiros cuidadores fazem parte das influências mais importantes no desenvolvimento, embora sejam atribuídos diferentes pesos aos factores comportamentais, biogenéticos, cognitivos, sociais ou ambientais. É, no entanto, consensual que o desenvolvimento global resulta das interacções entre esses factores e que a interacção adulto-criança constitui “um processo bidireccional, no qual os comportamentos de cada parceiro influenciam e moldam as respostas, expectativas e concepções futuras do outro participante, bem como a própria natureza do processo interactivo” (Berger, 1990, 102).
            No que se refere às crianças com síndrome de Down, a interacção adulto-criança é com certeza condicionada por vários factores, nomeadamente pelo facto de a criança não constituir um interlocutor muito competente, o que reduzirá provavelmente a quantidade e qualidade das trocas comunicativas. O facto de a criança ser normalmente compreendida por aqueles que lhe são mais próximos (família, professores, círculo de amigos), pode fazer com que as suas dificuldades na comunicação com pessoas não familiarizadas com o seu discurso, sejam um pouco subestimadas (Buckley, 1999).
            O investimento feito pelo adulto esquece também frequentemente a perspectiva global da linguagem, enfatizando os aspectos lexicais, em detrimento da função comunicativa e da sintaxe. Na demasiada prontidão do adulto, em responder e repetir os enunciados da criança, bem como a tendência para lhe facilitar a vida, formulando por exemplo, perguntas fechadas em vez de abertas, perdem-se oportunidades de expandir as suas produções e não se respeita o seu ritmo de compreensão e processamento mais lento (Buckley, 1999).
            É claro actualmente, que as crianças com síndrome de Down beneficiam de informação complementar, relativamente à auditiva. Cada vez mais se refere a comunicação total, na intervenção com estas crianças, já que a sua maior facilidade em processar informação visual leva a que o uso da escrita e da linguagem gestual se transformem em recursos de grande utilidade para o desenvolvimento da linguagem expressiva e para facilitar a comunicação em geral.
            Quase todos os estudos efectuados com crianças com síndrome de Down, relativamente ao discurso que lhe é dirigido pelo adulto, referem-se a mães. Byrne e Buckley (1993), referem que os estudos mais antigos, nomeadamente de Buium, Rynders e Turnure (1974), Kogan et al. (1969) e Marshall et al. (1973), indicam que as mães produzem um discurso com “formas mais primitivas do que as mães de crianças normais” (p. 108), o que, segundo os autores, significa que as mães podem estar a inibir o desenvolvimento da linguagem das crianças, por utilizarem padrões conversacionais menos sofisticados.
            Mervis (1990) refere que a maioria dos estudos sobre o impacto da linguagem materna no desenvolvimento da linguagem da criança sugere que algumas características do estilo directivo podem ser prejudiciais para o desenvolvimento inicial da linguagem, enquanto que certas características de um estilo mais facilitador de conversação (perguntas, comentários sobre a actividade ou verbalização da criança) correlacionam-se positivamente com medidas de crescimento da linguagem. Com base num estudo longitudinal, Mervis considera que as mães de crianças com síndrome de Down usam mais características linguísticas típicas do estilo directivo do que do estilo facilitador de conversação, nomeadamente, “pedidos de acção, incitamento à acção, uso global de directivas e feed-back negativo da vocalização da criança” (1990, 284). No entanto, a investigadora enfatiza a importância de uma segunda variável relativamente ao comportamento linguístico materno: contingência semântica do comportamento linguístico ou não linguístico da criança, sugerindo que talvez seja esta a variável materna relevante na aquisição inicial da linguagem. Mervis considera que a directividade não ocorre automaticamente com a falta de contingência semântica, já que algumas características típicas do estilo directivo são semanticamente contingentes no discurso da criança. Conclui ainda do seu estudo, que o padrão de resultados se enquadra melhor na explicação da contingência semântica do que na explicação do estilo directivo.
            Um estudo de Jones (1977, citado por Berger, 1990, Mervis, 1990) mostrou que as mães de bebés com síndrome de Down eram mais directivas e menos dependentes da criança, durante as trocas interactivas, levando a que os bebés experimentassem menos interpretações responsivas e menor apoio das suas próprias actividades. Jones defende que as mães não permitiam tanto como as mães das crianças normais, oportunidades de escolha do tópico de conversa e que a nível do contacto ocular, as crianças com síndrome de Down não recebiam tanto feed-back como as outras. Esta investigadora evita a atribuição de responsabilidade destes desvios interactivos a qualquer dos parceiros, especulando, no entanto, que a maior directividade das mães pode ter surgido na sequência da passividade das crianças, que iniciam menos sequências do que as outras crianças, levando as mães a sentir que precisam de ajudar e que os seus filhos precisam de mais directividade. Estas mães, em entrevistas no âmbito do estudo, referiam-se repetidamente à necessidade de ensinar os filhos durante as interacções verbais, retirando prazer sobretudo dos seus sucessos em situações de ensino.
            Curiosamente, Berger (1990) refere observações no meio familiar de crianças com síndrome de Down, em que os irmãos, menos ansiosos que os pais relativamente ao desempenho dos irmãos com síndrome de Down, se mostraram mais eficazes em promover comportamentos de jogo do que os pais.

            Também Cardoso-Martins et al. (1985) desenvolveram um estudo comparativo da interacção de mães com crianças com síndrome de Down pré-linguísticas, e com crianças com desenvolvimento normal. De acordo com os seus resultados, a orientação da interacção mãe-criança foi claramente dirigida pela mãe no grupo com síndrome de Down e dirigida pela criança no outro grupo, padrão que se reflectia, nomeadamente na incidência mais elevada de imperativos e mais baixa de rótulos adequados à criança. Os autores sugerem que as crianças podem, pela sua maior passividade, deixar a responsabilidade de iniciar a interacção para as mães, bem como fornecer menos pistas de como categorizam os objectos. Tal como Jones, também consideram que as mães provavelmente sentem que os filhos precisam de maior directividade, o que leva a um estilo de interacção dirigido pela mãe, visível na maior proporção de imperativos.
            Ainda no que se refere à directividade, Roach et al. (1999) referem que o discurso das mães para os seus filhos com síndrome de Down tende a ser caracterizado por inúmeros pedidos explícitos ou implícitos (vai buscar, põe dentro, etc.), como mostram os resultados de um estudo levado a cabo por estes autores (1998), em que as mães de crianças com síndrome de Down exibiam uma média de quase 25% mais deste tipo de directivas, durante o jogo livre, do que as mães de crianças com desenvolvimento normal. Apesar disso, os autores consideram que as mães equilibram a sua directividade com comportamentos de apoio, nomeadamente usando níveis mais elevados de elogio, relativamente às outras mães e apresentando níveis elevados de responsividade aos sinais comunicativos dos filhos, ou seja, regulando o ritmo das suas intervenções directivas para seguir e reforçar as tentativas dos filhos em jogo social. Utilizando como medida comportamental das mães, a estruturação vocal responsiva, que se refere à probabilidade das mães seguirem as vocalizações dos filhos com directivas vocais, estes investigadores defendem que os seus resultados sugerem que “o uso selectivo de comportamentos directivos das mães a seguir às vocalizações dos filhos pode representar uma estratégia chave para aumentar a participação positiva das crianças no jogo” (Roach et al., 1999, 108), uma vez que aquelas que a usavam, estavam tentando construir os esforços comunicativos dos filhos, encorajando contribuições interactivas maiores e eram significativamente menos susceptíveis de serem restritivas do que as que não a usavam.
            As investigações neste campo têm mostrado que a níveis mais elevados de responsividade materna, correspondem níveis mais altos de envolvimento das crianças (Landry e Chapieski, citados por Berger, 1990; Schneider e Gearhart, 1988, citados por Roach et al., 1999). Também o nível de responsividade das mães pode variar com a medida em que os filhos mostram responder aos seus esforços para os guiar.

            Byrne e Buckley (1993) efectuaram um estudo comparativo, com mães de crianças com síndrome de Down e de crianças com desenvolvimento típico, dedicando especial atenção ao tipo de perguntas formuladas pelas mães e à forma como os problemas de inteligibilidade afectam as conversações mãe-criança. Os resultados mostraram o efeito inibidor das perguntas fechadas, enquanto que as abertas tenderam a produzir enunciados mais longos; as mães deixaram espaços muito curtos de silêncio entre enunciados, dando pouco tempo às crianças para intervenções espontâneas, o que, segundo as investigadoras, se deve a uma tentativa de controlar a conversa, para melhor compreender as crianças; muitas mães produziam longas cadeias de enunciados, não davam tempo de resposta, respondendo pela criança e mudavam o tópico sem que a criança fizesse qualquer intervenção verbal. De acordo com as autoras, e pelo facto de as crianças com síndrome de Down parecerem compreender mais do que expressam, as mães têm dificuldade em decidir se se devem dirigir à criança intelectual ou à criança linguística.
                       
            Miller (1996) descreve cinco factores que, segundo ele, afectam as interacções mãe-criança, considerando que alguns deles podem ter consequências negativas para a aquisição da linguagem: (1) Tanto as mães como as crianças podem ser menos responsivas umas às outras; (2) as mães de bebés com síndrome de Down tendem a falar ao mesmo tempo que eles vocalizam; (3) as mães de crianças com síndrome de Down falam mais depressa e produzem mais enunciados do que as mães de crianças normais; (4) tendem a ser mais directivas, instrutivas e controladoras; (5) nem todas as mães de crianças com síndrome de Down, têm os mesmos padrões de interacção, a nível de directividade e elaboração.
Por sua vez, Mittler e Berry (1977, citados por Buckley,1999) consideram que o facto de ser atingido com frequência um nível inferior ao que poderia ser esperado, se pode dever, em parte, a uma falha no providenciar um grau apropriado de exigência, expectativa e oportunidade para um desempenho linguístico eficaz. Embora uma pergunta constitua uma exigência de resposta, há perguntas mais exigentes que outras e a tendência do adulto para reforçar respostas de uma palavra, pode ser parcialmente responsável pelo atraso em atingir a fase de duas palavras.

Apesar de grande parte da investigação existente apontar para diferenças no discurso das mães de crianças com síndrome de Down, relativamente às mães de crianças normais, encontram-se na literatura outros estudos que apontam em sentido contrário. Alguns investigadores consideram que as diferenças encontradas no discurso materno podem dever-se ao facto de as crianças terem sido comparadas com crianças da mesma idade cronológica. As mães podem estar a adaptar o seu discurso ao nível cognitivo dos filhos (Buckhalt et al., 1978; Rondal, 1978). Rondal critica a comparação em termos de idade cronológica, já que em crianças com o mesmo nível cognitivo não encontrou diferenças significativas no discurso materno.
            Para além do trabalho de Rondal, Leitão (2000) refere outras investigações (Fischer, 1987; Tannock, 1988, Davis et al., 1988, entre outros) que consideram que as mães das crianças com síndrome de Down não são mais directivas e, por outro lado, são mais responsivas aos sinais e iniciativas dos filhos. Leitão considera que a maior directividade das mães tem sido analisada em termos de frequências e que é importante analisá-la como um fenómeno multidimensional, onde devem ser tidos em conta os contextos em que os comportamentos ocorrem, o que no seu estudo permitiu verificar que as mães dos dois grupos se mostraram igualmente sensíveis e responsivas relativamente aos comportamentos das crianças. Além disso, a dimensão reduzida das amostras tem levado a que as mães das crianças com síndrome de Down fossem consideradas como um grupo homogéneo, diferenciado das mães das crianças normais e caracterizado por um único estilo interactivo. Do seu estudo, efectuado com um número alargado de sujeitos, este autor conclui que as díades se encontram agrupadas em classes homogéneas, mas que essas classes integram díades tanto do grupo das crianças normais como do grupo das crianças com síndrome de Down. Na sua opinião, a directividade das mães desempenha um papel “facilitador e estruturador da conversação, promovendo a participação das crianças no processo interactivo” (Leitão, 2000, 76). O autor relata ainda, que as mães dos dois grupos no seu estudo, recorrem a comportamentos directivos nas mesmas situações e contextos. No entanto, as crianças com síndrome de Down exibem uma maior assincronia, envolvendo-se sistematicamente em actividades não estruturadas, socialmente pouco aceitáveis ou simplesmente mostrando ausência de actividade por períodos de tempo maiores, o que leva as mães a aumentar a frequência de comportamentos reguladores, na tentativa de envolver os filhos no processo comunicativo. Deste modo, o autor considera que “a maior directividade das mães das crianças com síndrome de Down não deve ser entendida como um défice comportamental, mas como uma manifestação de sensibilidade e adequação às características dos filhos” (p. 75). Também Peterson e Sherrod (1982, citados por Byrne e Buckley, 1993) encontraram diferenças significativas entre a linguagem dirigida pelas mães a crianças com maior Comprimento Médio do Enunciado (CME) e a crianças com menor CME, e sugerem que as mães adaptam a sua linguagem às capacidades linguísticas dos filhos.
            A literatura nesta área não é consensual, encontrando-se tanto estudos que apontam para maior directividade e diferenças no discurso das mães das crianças com síndrome de Down, como outros que referem que essa directividade depende da idade e que a um maior desenvolvimento cognitivo corresponde menor directividade, ou ainda outros que não consideram haver diferença significativa entre o discurso das mães destas crianças e as das crianças com desenvolvimento normal (Murillo, 1993).
           
            No que se refere às crianças com atrasos no desenvolvimento, nomeadamente crianças com síndrome de Down, a literatura é parca em estudos com outros adultos significativos, para além das mães, como por exemplo os pais. A tendência para a intervenção centrada na família tem levado os pais a envolver-se mais, nomeadamente a nível de programas de intervenção específicos, mas a investigação nesta área tipicamente recai na interacção mãe-criança. No entanto, encontram-se relatos de alguns estudos envolvendo pais de crianças com necessidades educativas especiais, mais propriamente estudos comparativos entre pais e mães. Giralometto e Tannock (1994) referem dois estudos com crianças autistas. No primeiro, em que as crianças evidenciavam muito pouca ou nenhuma linguagem, os resultados indicavam que os pais usavam menos ordens e perguntas que as mães, enquanto que no segundo, com crianças com linguagem verbal, os pais usavam mais ordens e imperativos mas um número semelhante de perguntas. Referem ainda um estudo comparativo de crianças com síndrome de Down e crianças com atraso de desenvolvimento de etiologia desconhecida, que mostrou consistência entre as interacções de pais e mães no uso de ordens e perguntas.
            Giralometto e Tannock (1994) consideram que a ausência de pais nos estudos os limita, já que ignoram o factor stress por parte dos pais de crianças com deficiência, ignorando assim também o facto de os estudos que investigaram este fenómeno apontarem para diferenças sistemáticas entre pais e mães em termos de stress, ou seja, os pais surgem menos deprimidos e pessimistas do que as mães, mas com mais dificuldades relativamente à sua interacção com os filhos.
            Estes autores desenvolveram um estudo em que pretenderam comparar a qualidade e quantidade da directividade nas interacções de pais e mães de crianças com atraso no desenvolvimento, analisando o controlo de resposta, o controlo de tópico e o controlo de turnos. Neste estudo não foram encontradas diferenças entre pais e mães no grau em que rotulavam itens lexicais, comentavam ou respondiam aos filhos. No que se refere às três dimensões de directividade analisadas, não relatam diferenças a nível do controlo de turnos, mas os pais diferiam a nível de controlo de resposta e de tópico: os pais usaram mais turnos para forçar uma resposta da criança e tendiam mais a mudar o tópico quando a criança não se envolvia. Concluem assim, que tendo em conta que pais e mães foram igualmente responsivos quando a criança se envolvia na interacção, a maior directividade evidenciada pelos pais, pode ser indicadora de expectativas mais altas a nível da participação social da criança e pode ser interpretada como estratégia alternativa para envolver a criança na interacção.

Referências Bibliográficas:
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Para citar este artigo: Godinho, Ana (2003), A interacção comunicativa nas crianças com síndrome de Down. in. A Interacção Comunicativa entre a Criança com Síndrome de Down e o Pai. Universidade do Algarve. Dissertação de mestrado, não publicada.       

Aquisição e desenvolvimento da linguagem na criança com Síndrome de Down


Ana Godinho

“The differences between people with down syndrome far exceed their similarities.”
                                                                                         Devenny, 1992, 22

A aquisição da linguagem pelas crianças com síndrome de Down, tem sido objecto de grande interesse por parte dos investigadores, encontrando-se vasta literatura nesta área. Pode dizer-se que entre as crianças que apresentam défice no desenvolvimento da linguagem, esta população é a que melhor se conhece, por mais que ainda existam pontos escuros (Rondal, 1993).
As descrições sobre o desenvolvimento da linguagem nestas crianças, chamam quase sempre a atenção para um atraso a esperar no desenvolvimento da sua linguagem e fala, apesar das diferenças individuais manifestadas. Durante muito tempo, acreditou-se que este processo, nas crianças com síndrome de Down, era apenas uma versão mais lenta do desenvolvimento típico, assentando esta perspectiva na ideia de que o desenvolvimento da linguagem é um produto da cognição (Miller, 1996). Estudos mais recentes, no entanto, mostram que, embora de forma subtil e apesar das semelhanças entre os dois grupos, existem diferenças qualitativas entre estas crianças e as crianças com desenvolvimento típico, que não devem ser ignoradas (Oliver & Buckley, 1994).

Da literatura consultada, conclui-se que não existe um perfil típico de desenvolvimento da linguagem nas crianças com síndrome de Down. Miller levou a cabo estudos longitudinais sobre perfis de desenvolvimento, para determinar se a aquisição da linguagem em crianças com síndrome de Down era homogénea ou revelava grandes diferenças individuais em velocidade e sincronia entre compreensão e produção, relativamente ao nível cognitivo não verbal. Foram identificados três perfis de desenvolvimento: 95% das crianças enquadravam-se em dois perfis, com 60% a 75% dos sujeitos a mostrarem capacidades de produção de linguagem abaixo do nível de compreensão, que por sua vez se situava ao mesmo nível das capacidades cognitivas não verbais, enquanto que 25% a 35% exibiam capacidades de produção e compreensão consistentes com o desenvolvimento cognitivo não verbal. Apenas 5% das crianças apresentavam défices tanto na compreensão como na produção. Os autores concluem ainda, que as crianças com perfis de défice de produção no início do estudo, mantiveram estes perfis ao longo do mesmo e que a percentagem de crianças com perfis de défice linguístico aumentou com a idade cronológica.

Relativamente às possíveis razões para o atraso e dificuldades na linguagem e na fala, experimentados por estas crianças, a investigação identifica algumas, embora não exista uma imagem completa das causas e muito menos dos seus efeitos interactivos nos progressos das crianças (Buckley, 1999). A perda auditiva afecta mais de 70% das crianças com síndrome de Down nos primeiros anos (Miller et al., 1999), aspecto que será ainda um pouco subestimado. Mesmo quando a sua audição se encontra dentro dos limites normais, estas crianças mostram dificuldades acentuadas a nível de discriminação auditiva, confundindo sons e palavras semelhantes, o que tem consequências na aquisição de vocabulário (Buckley, 1999). Também a memória auditiva de curto termo, responsável pela retenção da informação por tempo suficiente para que ela seja processada em termos de significado, se encontra afectada nas crianças com síndrome de Down, problema que Chapman (1999) considera como claramente característico desta população, visível nomeadamente em tarefas que requerem atenção à ordem das palavras e que estará associado às limitações sintácticas evidenciadas por estas crianças. Sendo a linguagem adquirida essencialmente via auditiva, os três aspectos referidos acima tornam obviamente a tarefa difícil para estas crianças.

As limitações bem conhecidas na produção de linguagem verbal, podem ter origem em dificuldades a nível de mecanismos cerebrais necessários ao planeamento e organização da fala, mas na articulação e consequentemente, na inteligibilidade do discurso, decorrem também de problemas motores, a nível dos músculos oro-faciais e da língua, causados pela característica hipotonia manifestada por estas crianças, resultando na utilização de frases mais curtas e selecção de palavras que os ouvintes possam compreender (Buckley, 1999; Miller, 1999; Rondal, 1993). Rondal refere que as dificuldades articulatórias dizem respeito sobretudo aos sons consonânticos, nomeadamente os que habitualmente surgem mais tarde, como [f], [v], [s], [l] e [z]. Tudo isto torna o discurso das crianças, na maior parte das vezes, ininteligível para pessoas estranhas ao seu ambiente mais próximo.

É provável que a menor quantidade de oportunidades de interacção comunicativa, nomeadamente na fase pré-linguística, também contribua negativamente. Os bebés com síndrome de Down dificilmente iniciam sessões de comunicação com o adulto, têm dificuldade em manter a atenção na tarefa e em mudar a atenção entre tarefas e respondem menos à solicitação do outro, exigindo muito mais da mãe ou outro adulto que deles cuide. De acordo com Miller (1999), “défices ambientais, associados à estimulação global, input linguístico ou falta de interacção social” (p. 20), reduzirão a aprendizagem da linguagem, tanto a nível da compreensão como da produção.
Nas crianças com síndrome de Down, como em quaisquer outras, o processo de aquisição da linguagem tem início nos primeiros tempos de vida, período durante o qual não existe linguagem propriamente dita, mas no qual a sua aquisição está a ser preparada através de uma série de aquisições importantes.
Quando os bebés começam a sorrir, os pais começam a conversar com eles. Estas trocas são normalmente uma fonte de prazer para ambos os parceiros e constituem as primeiras experiências de comunicação do bebé, através das quais ele aprende a olhar, a ouvir, a fazer alternância de turnos, em suma as capacidades essenciais para uma comunicação eficaz.

Alguma investigação tem mostrado que, embora com atraso, os bebés com síndrome de Down mostram interesse nestas conversas e passam a mesma quantidade de tempo neste tipo de actividade que os outros bebés, no meio do primeiro ano de vida (Berger, 1990). No entanto, estes bebés mostram-se frequentemente demasiado tranquilos, apáticos e pouco reactivos. Segundo Rondal (1993) não se integram num verdadeiro circuito de comunicação com os pais, até muito tarde, frequentemente até ao quinto ou sexto mês. Também a reciprocidade e tomada de vez, não são perceptíveis nestas crianças antes dos 18 meses. De acordo com este autor, “o atraso demonstra a ausência de captação, durante muito tempo, da estrutura de base da conversação e das trocas interpessoais” (p. 93).
Quando os bebés com desenvolvimento normal começam, no final do primeiro ano, a explorar o mundo à sua volta, os bebés com síndrome de Down não o fazem na mesma proporção. São mais lentos a avançar para a interacção com objectos e brinquedos e a iniciar sessões de atenção conjunta e têm mais dificuldade, por um lado, em manter a atenção num objecto ou actividade, e, por outro lado, em mudar a atenção de um objecto ou actividade para outro (Buckley, 1993, 1999). No que se refere à interacção em si, alguns autores apontam para atraso e níveis mais baixos de contacto visual nas crianças com síndrome de Down (Rondal, 1993; Jones, 1977, citado por Ramruttum e Jenkins, 1997), enquanto outros referem que este tem lugar numa idade relativamente precoce, mas que os bebés se mantêm fixados quase exclusivamente nos olhos do adulto, sem usar o olhar para explorar outros aspectos do meio ambiente (Berger, 1990).
Também a instalação do sorriso social, observado na criança normal a partir dos 2 ou 3 meses, como resposta a situações sociais parece estar particularmente atrasado nestas crianças, que sorriem mais tarde e sorriem menos do que as crianças normais (Berger, 1990; Rondal, 1993). Segundo Rondal, no período pré-linguístico, há pelo menos quatro aspectos que estão seriamente afectados: “a reactividade e a iniciativa da criança na interacção com o interlocutor, o sorriso social, o contacto e referência ocular e a organização pré-conversacional que aceita turnos na interacção oral” (p. 41).
Berger (1990) sugere que os bebés com síndrome de Down vocalizam demasiado e mais aleatoriamente e repetitivamente que os outros bebés, deixando menos espaços e menos previsíveis para a tomada de vez do adulto, o que pode resultar em choques comunicativos. Este autor acrescenta que neste campo os estudos são consistentes: entre os aspectos mais referidos, encontram-se níveis elevados de estimulação materna e pobre reciprocidade.
Miller (1996, 1999) atribui grande importância à relação entre compreensão e produção, considerando que quando a compreensão é melhor que a produção, podemos inferir que não existe uma dificuldade geral em aprender material linguístico, mas se forem semelhantes e aquém das outras capacidades cognitivas, então o problema é mais geral e provavelmente associado com a compreensão de todo o material linguístico, tornando assim a aquisição da linguagem bastante mais problemática. Acrescenta ainda, que a relação entre compreensão e produção pode não ser constante ao longo do desenvolvimento, uma vez que aquisições mais precoces, como o vocabulário, se apresentam mais fáceis para as crianças com síndrome de Down, do que aspectos como a sintaxe, adquirida mais tarde, ou porque as dificuldades a nível da produção podem aumentar, resultando num fosso progressivo entre compreensão e produção, à medida que crescem.
Também Chapman (1999) refere que o próprio diagnóstico de síndrome de Down está associado a um padrão característico de áreas fortes e fracas no desenvolvimento da linguagem, incluindo ritmos diferenciados de desenvolvimento na compreensão e na produção, mostrando-se a primeira como área forte, enquanto a segunda evidencia atraso específico relativamente à idade mental dos indivíduos.

Apesar de toda a literatura enfatizar as dificuldades na produção, as crianças com síndrome de Down apresentam dificuldades significativas na compreensão de linguagem verbal. Segundo Rondal (1993), elas conseguem entender as mensagens, se o enunciado é simples e curto e se a cena descrita está perante elas, ou se a testemunharam anteriormente, utilizando esta informação para compreender as mensagens. Quando lhes são apresentadas tarefas mais exigentes ou nas quais não pode recorrer ao contexto extra linguístico, a sua compreensão torna-se bastante limitada. Enunciados complexos e longos, que contenham nomeadamente proposições subordinadas ou voz passiva, resultam-lhes quase impossíveis de compreender (Rondal, 1993).

O início da aquisição do vocabulário é uma etapa marcante na aquisição da linguagem e é sobre o léxico inicial que assenta a aquisição da sintaxe, tornando o seu estudo essencial, quando se trata de compreender o processo que envolve a aquisição da linguagem.
Encontra-se algum consenso na literatura, no que respeita à aquisição das primeiras palavras nesta população. Os estudos apontam que, independentemente da idade cronológica, quando a maioria das crianças com síndrome de Down inicia a produção das primeiras palavras, o seu desenvolvimento cognitivo encontra-se ao mesmo nível do das crianças com desenvolvimento típico na mesma fase de produção (Cardoso-Martins et al., 1985). Estes autores referem ainda estudos de Gillham (1979), que indicam que as palavras incluídas nos vocabulários iniciais das crianças com síndrome de Down são semelhantes às das outras crianças, surgindo, no entanto, a um ritmo mais lento, podendo passar mais tempo, por exemplo, na fase dos enunciados de uma palavra. Defendem que esta aquisição mais lenta se deve a défices cognitivos específicos nas crianças com síndrome de Down. Também Rondal (1993) refere que as primeiras palavras são semelhantes às das crianças normais e que à excepção do ritmo de aquisição, o percurso do desenvolvimento lexical não apresenta diferenças significativas. Segundo Buckley (1999) a idade média para a produção da primeira palavra, nas crianças com síndrome de Down, é de cerca de 18 meses, e para as primeiras 10 palavras produzidas é de cerca de 27 meses.
Relativamente à aquisição de vocabulário, os resultados encontrados parecem variar consoante o método utilizado para equiparação dos grupos de crianças participantes, isto é, consoante as crianças são agrupadas por idade mental ou por comprimento médio do enunciado. Assim, um estudo comparativo entre crianças com síndrome de Down e crianças com desenvolvimento típico, realizado por Cardoso-Martins et al. (1985), com o objectivo de investigar o desenvolvimento inicial da compreensão de nomes de objectos, mostrou que o nível de desenvolvimento cognitivo, na altura em que começaram a demonstrar compreensão e produção de nomes de objectos, era idêntico nos dois grupos. No que se refere à dimensão dos vocabulários (compreensão e produção), esta também se apresentou sem diferenças significativas nos dois grupos, para o mesmo nível de desenvolvimento cognitivo. No entanto, logo após o início da aquisição da linguagem, o desenvolvimento do vocabulário das crianças com síndrome de Down, começa a ficar para trás, relativamente ao seu nível de desenvolvimento cognitivo, tornando-se já evidentes os problemas destas crianças durante a fase de enunciados de uma palavra. Também um estudo de Chapman (1999) comparando crianças com síndrome de Down e crianças com desenvolvimento típico, emparelhadas por Idade Mental (IM), revelou níveis de compreensão de vocabulário nas crianças com síndrome de Down equivalentes aos do grupo de controlo, equiparado por idade mental.
Por outro lado, Miller et al. (1987, citados por Miller, 1999) analisaram amostras de linguagem para o número de palavras diferentes produzidas, gravadas em sessões de 30 minutos de conversa com um dos pais. Os seus resultados mostram que quando os sujeitos são equiparados em IM, as crianças com síndrome de Down produzem menos palavras diferentes que as do grupo de controle, mas quando são equiparadas em termos de Comprimento Médio do Enunciado (CME), as crianças com síndrome de Down produzem significativamente mais palavras diferentes. Miller (1999) refere que embora o ritmo de aquisição seja significativamente mais lento nas crianças com síndrome de Down, nem todas as crianças exibem um ritmo semelhante, o que aponta para que nem o síndrome, nem as dificuldades cognitivas a ele associadas, possam explicar as diferenças encontradas no aumento de vocabulário. Também as mudanças no perfil observadas à medida que as crianças avançam em idade mental, podem significar a existência de um componente ambiental associado a expectativas reduzidas de comunicação e inteligibilidade do discurso reduzida, limitando a prática de uma comunicação eficaz.
Também Rondal (1978, citado por Miller, 1996), verificou que numa amostra de linguagem de crianças no mesmo estádio linguístico, definido por CME, as crianças com síndrome de Down produziam proporcionalmente mais palavras diferentes do que as crianças com desenvolvimento típico. Estes resultados serão atribuíveis à idade cronológica das primeiras, que reflectirá mais experiência linguística e não linguística (Rondal, 1978; Beeghley et. al., 1990) e estão em desacordo com os de Cardoso-Martins et al. (1985), que referiam um número de palavras semelhante.
Rondal (1993), considera que para além das diferenças quantitativas, pode dizer-se que o desenvolvimento do vocabulário segue o mesmo caminho que nas crianças normais e que em ambos os grupos, as primeiras palavras se referem a pessoas, objectos e actividades do ambiente imediato da criança.

Ainda no que se refere ao ritmo de aquisição, outro aspecto a considerar é a explosão verificada nas crianças com desenvolvimento típico, por volta dos 18 meses e com cerca de 20 palavras no seu vocabulário, em que o ritmo de aquisição de palavras aumenta de 3 ou 4 palavras por mês, para 30 a 50 palavras por mês (Nelson, 1981, citado por Oliver e Buckley, 1994).  Embora não esteja muito claro se as crianças com síndrome de Down têm uma explosão de linguagem semelhante, Miller (1999) acredita que algumas mostram realmente um período de aquisição rápida, quando o seu vocabulário atinge cerca de 45 palavras, numa  idade mental de cerca de 30 meses, o que mostra, não só um atraso a atingir esta fase, mas também a existência de mais palavras no seu vocabulário. Por seu lado Oliver e Buckley (1994), referem que no seu estudo, em 12 crianças seguidas, 5 manifestaram explosão clara na aquisição, embora bastante menos dramática (10 a 30 palavras por mês, comparadas com 30 a 50 nas crianças normais).

O conhecimento lexical, nas crianças com síndrome de Down, parece ser poupado, relativamente ao conhecimento estrutural onde apresentam um desempenho a um nível progressivamente mais baixo (Fowler, 1990, Chapman, 1999).
Cromer (1987, citado por Miller, 1996, 195), refere dois aspectos básicos a ter em conta na aprendizagem de uma palavra - sentido referencial e classificação gramatical, considerando que as pesquisas têm tratado exclusivamente do desenvolvimento da capacidade referencial e que “sem a aquisição da classificação gramatical (...) as crianças terão dificuldade em produzir elocuções multipalavras bem formadas”, o que terá particular interesse no caso das crianças com síndrome de Down, cujos défices na sintaxe produtiva são bem conhecidos.
Segundo Miller (1996), a relação entre aquisição de vocabulário e aquisição de sintaxe não tem recebido muita atenção, já que existem poucos estudos sobre o assunto. Os que existem sugerem que mecanismos diferentes podem funcionar para a aprendizagem lexical e sintáctica. Fowler (1990), refere igualmente que um grande número de estudos aponta para uma divisão entre conhecimento lexical e sintáctico, sendo crescente a tendência da literatura para sugerir a manutenção do desenvolvimento sintáctico aquém de outras capacidades com ele relacionadas, como desenvolvimento sensoriomotor e jogo simbólico, aumentando o hiato com o crescimento da criança. É o caso de Beeghley et al. (1990) que relatam um estudo efectuado ao longo de um ano, em que foi registado um progresso mínimo nas crianças com síndrome de Down, referindo que 46% das crianças se manteve no mesmo nível sintáctico ao longo do estudo e que o desenvolvimento do vocabulário se mostrou menos atrasado que o desenvolvimento sintáctico.
Vários investigadores se debruçaram sobre as dificuldades apresentadas por esta população no que se refere ao desenvolvimento sintáctico, como Kumin et al. (1998), que desenvolveram uma investigação, envolvendo 168 crianças com síndrome de Down, com base num instrumento de registo parental (The MacArthur Communicative Development Inventory / Words and Sentences), que documenta as capacidades de vocabulário expressivo da criança. Deste trabalho, as autoras relatam uma diferença significativa entre o uso expressivo de vocabulário referencial e gramatical, com as crianças com síndrome de Down a utilizar claramente mais vocabulário referencial do que formas gramaticais, considerando que esta se mostrou uma área de grande dificuldade para estas crianças, que, na sua maioria, não mostraram o uso de marcadores gramaticais antes dos cinco anos de idade. Por seu lado, Fowler (1990), conclui de uma das suas investigações, que mesmo quando as crianças evidenciavam um repertório mais extenso de vocabulário, eram incapazes de usar essas mesmas formas apropriada e consistentemente para servir funções sintácticas/gramaticais e quando produziam frases algo complexas, com comprimento e ordem de palavras apropriados, estas frases não eram apoiadas por marcadores gramaticais adequados. Esta autora relata ainda, que as crianças do seu estudo pareciam estar num ponto de desenvolvimento linguisticamente estável, embora restrito. Em suma, segundo Fowler, as crianças com síndrome de Down, tendem a manter-se em estádios de desenvolvimento linguisticamente limitados mas coerentes. A sua hipótese de que existiria um limite a partir do qual estas crianças não fariam mais aquisições a nível sintáctico, é rebatida por Chapman (1999), que considera que os seus resultados mostram que alguns indivíduos com síndrome de Down adquirem sintaxe complexa, uma vez que no seu estudo, efectuado com crianças e adolescentes com síndrome de Down, produziram frases complexas, ou seja, contendo proposições combinadas e intercaladas. Chapman considera que este facto contraria a hipótese de um tecto sintáctico, mas admite, no entanto, que a aquisição de sintaxe complexa representa uma dimensão das diferenças individuais nesta população, já que também se verificaram indivíduos cujo comprimento médio do enunciado se manteve em 2.0 e cujas produções não incluíam estrutura frásica complexa.
Relativamente às possíveis razões subjacentes à dificuldade no uso de formas gramaticais pelas crianças com síndrome de Down, uma investigação de Moore et al. (1998) concluiram que estas crianças podem ser capazes de utilizar formas gramaticais complexas com êxito, se lhes for fornecida informação relevante numa forma simplificada, fazendo distinções claras e com tempo suficiente para que a criança aceda à informação e a mantenha.

Quando a criança com desenvolvimento normal, se encontra entre os 18 e os 20 meses de idade cronológica (Sim-Sim, 1998) e com um vocabulário de cerca de 50 palavras (Miller, 1988, citado por Oliver e Buckley, 1994), começa a juntar duas palavras, formando aquilo a que se chama discurso telegráfico. Da investigação efectuada com crianças com síndrome de Down, relativamente ao início da produção de enunciados de duas palavras, encontramos resultados que apontam para uma idade média de 4 anos, com cerca de 20 palavras adquiridas (Rondal, 1993), enquanto o estudo de Oliver e Buckley (1994) refere uma idade média de 36.9 meses (mas com idades entre 25 e 52 meses) e o tamanho médio do vocabulário como sendo de cerca de 50 palavras, no início da produção de enunciados de duas palavras, mas também com um leque bastante abrangente (21-109 palavras), o que mostra o largo espectro de diferenças individuais nestas crianças. O mesmo é referido por Kumin et al. (1998), que referem um vocabulário de 54.9 palavras, com uma abrangência de 8-226 palavras. Segundo estas autoras, pelos cinco anos de idade todas as crianças no seu estudo usavam enunciados multipalavras.

Os enunciados de duas e posteriormente de três palavras, expressam noções semânticas básicas que as crianças começam a compreender, como a localização (bebé carro), posse (papa bebé), presença ou ausência de uma entidade (papá rua), qualidade atribuída a uma pessoa ou objecto (leite quente) ou acção (bebé óó) (Rondal, 1993). É um discurso caracterizado por conter apenas verbos, substantivos e adjectivos, verificando-se ausência de partículas de ligação (artigos, preposições), bem como de qualquer estrutura gramatical para além da ordem das palavras. Os primeiros enunciados de duas palavras, frequentemente consistem numa palavra constante, à qual a criança junta várias outras (mais sumo, mais bolacha, mais carro) (Buckley, 1996).

Parece evidente que as crianças com síndrome de Down dificilmente avançam para além dos estádios mais elementares do desenvolvimento sintáctico e os estudos em geral apontam para a manutenção ao nível das frases curtas e simples e um desempenho muito básico a nível da negativa, passiva e passiva-negativa, sobretudo sem pistas contextuais (Fowler, 1990). Fowler acrescenta ainda que para algumas pessoas, o processo pode ser impossível para além de um determinado nível, atingindo um determinado tecto nas suas capacidades sintácticas. De acordo com Rondal (1993), as pessoas com síndrome de Down têm “acesso a uma linguagem combinatória, que pode ser relativamente rica no plano dos significados transmitidos, mas que está insuficientemente desenvolvida, no que respeita à sua organização gramatical” (p. 48). De facto, o progresso registado na aquisição lexical nestas crianças, não se verifica a nível da sintaxe, sobretudo com o aumento da complexidade frásica, facto que tem sido atribuído às dificuldades no processamento auditivo e memória auditiva de curto termo (Fowler, 1990; Buckley, 1999). Buckley refere que com o aumento da idade cronológica, o conhecimento de vocabulário ultrapassa cada vez mais as capacidades de compreensão da sintaxe, que por sua vez, se situa acima da produção, mantendo-se, por vezes até na adolescência, um discurso a nível telegráfico.
            Ao analisar o desenvolvimento da linguagem nestas crianças, importa considerar a sua função comunicativa. As investigações sobre linguagem têm vindo a afastar-se do estudo de simples enunciados, dedicando crescente atenção à díade em contexto como unidade de análise (Beeghley et al., 1990), despendendo progressivamente mais tempo e esforço na documentação do desenvolvimento pragmático das crianças. Beeghley et al. (1990) consideram que isto reflecte a crença de que o funcionamento comunicativo é passível de prever de forma significativa a competência social e funcionamento adaptativo posteriores.
Num estudo comparativo de díades compostas por mães e crianças com e sem síndrome de Down, Leitão (2000) encontrou diferença significativa relativamente à emissão de turnos pelas mães e pelas crianças, sendo que as últimas emitem menos de metade dos turnos produzidos pelas mães, o que significa que relativamente à frequência dos turnos, as mães dominam o processo de interacção. No entanto não se verificou diferença significativa em relação aos dois grupos em estudo, o mesmo acontecendo em relação à organização temporal dos turnos e à contingência dos mesmos, mostrando as mães dos dois grupos “igual sensibilidade em proporcionar experiências contingentes aos filhos” (p. 69).

Partindo do princípio que as crianças com síndrome de Down são tipicamente menos deficitárias em termos cognitivos do que linguísticos, bem como das capacidades evidenciadas no domínio social, Beeghley et al. (1990) desenvolveram uma investigação, no sentido de verificar a hipótese de que estas crianças seriam mais “competentes” em termos comunicativos, do que crianças normais num nível sintáctico semelhante. Tratou-se de um estudo comparativo, de díades mãe-criança, sendo incluídas crianças normais e crianças com síndrome de Down, equiparadas por Idade Mental (IM) e por Comprimento Médio do Enunciado (CME). Foram recolhidos dados de interacção mãe-criança em duas situações: uma actividade estruturada de leitura de um livro de imagens e uma situação de jogo livre, no qual as mães foram incitadas a, numa parte do tempo, não iniciar nem tentar manter a interacção, deixando essa tarefa à criança. Os resultados obtidos foram semelhantes nos dois contextos de actividade. As crianças com síndrome de Down exibiram proporcionalmente mais respostas, descrições e declarações, mas menos dispositivos conversacionais, como marcadores de turno e preenchimento não lexical de turnos. No que se refere a tomada de vez e manutenção no tópico, as crianças com síndrome de Down mostraram sequências de turnos dentro do tópico mais longas e turnos conversacionalmente relevantes mais longos. Eram também capazes de responder mais adequadamente ao adulto do que as crianças emparelhadas por CME, mas mais novas, não diferindo das crianças emparelhadas por IM. Os autores consideram que os seus dados reflectem uma dissociação entre o desenvolvimento sintáctico e pragmático nestas crianças, não observado nas crianças com desenvolvimento normal, acrescentando que, dentro do domínio da linguagem, as capacidades pragmáticas e a conversação representam a área menos atrasada nas crianças com síndrome de Down, já que, comparadas com pares com o mesmo CME, mostraram resultados superiores a nível do desenvolvimento pragmático, incluindo a diversidade de actos de fala produzidos, relevância conversacional, manutenção no tópico e tomada de vez (Beeghley et al. (1990).

A tese de que as capacidades pragmáticas podem emergir de forma dissociada dos outros aspectos da linguagem, é apoiada, de acordo com Beeghley et al., por pesquisas com diferentes populações com desenvolvimento atípico, como as crianças autistas, cujas capacidades pragmáticas parecem ficar para trás relativamente às capacidades sintácticas, enquanto o inverso parece ser verdade nas crianças com síndrome de Down. Estes autores referem outros estudos que documentam o facto de as crianças com síndrome de Down exibirem capacidades comunicativas iguais ou superiores às das crianças normais emparelhadas por Comprimento Médio do Enunciado. Por exemplo, Coggins & Stoel-Gammon (1982, citados por Beeghley et al., 1990) relatam que crianças com síndrome de Down entre os cinco e os sete anos eram capazes de responder apropriadamente a pedidos de clarificação.
 Há, no entanto, resultados discrepantes que, segundo os autores referidos, podem dever-se a problemas metodológicos, incluindo a larga variação de medidas usadas nos diferentes estudos e o uso do Comprimento Médio do Enunciado como forma de emparelhamento, bem como diferenças contextuais.
As crianças com síndrome de Down podem exibir menos competência comunicativa em contextos menos estruturados (por exemplo com pares), do que em situações mais estruturadas com adultos. Sinson & Wetherick (1982, citados por Beeghley et al.,1990) relataram que crianças com síndrome de Down, integradas em meio educativo regular, falhavam em observar algumas das “regras” conversacionais convencionais com os seus pares. Esta “incompetência comunicativa” pode ter origem em dificuldades na temporização e uso apropriado de contacto visual, que por sua vez, pode reflectir problemas subjacentes de processamento de informação e atenção (Beeghley et al., 1990; Spiker, 1990).

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Para citar este artigo: Godinho, Ana (2003), Aquisição e desenvolvimento da linguagem na criança com síndrome de Down. in. A Interacção Comunicativa entre a Criança com Síndrome de Down e o Pai. Universidade do Algarve. Dissertação de mestrado, não publicada.